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   A RAÇA MANGALARGA

     
   

O cavalo Mangalarga teve sua origem no cavalo da Península Ibérica. Os cavalos trazidos pelos colonizadores do Brasil eram das raças Alter e Andaluz.
   
Com a vinda da Família Real Portuguesa ao Brasil, foram também trazidos os melhores espécimes da Coudelaria Real de Alter do Chão, fato que desempenhou papel decisivo na formação da raça, pois os reprodutores trazidos nesta viagem, assim como seus descendentes foram muito utilizados pelos criadores da época para o melhoramento de seus rebanhos.
 
Como esses criadores procuravam animais para o trabalho nas fazendas (lida com o gado) e para o esporte (na época, a caçada do veado), desenvolveu-se uma raça dotada de qualidades imprescindíveis a tais finalidades, como:

- bons andamentos;
- resistência;
- docilidade e nobreza de caráter.
 
Além disso, foram feitos cruzamentos com as raças Puro Sangue Inglês, Árabe, Anglo-Árabe e American Saddle Horse.
Assim sendo, desde a sua origem , o cavalo Mangalarga foi selecionado como animal de trabalho (lida com o gado) e esporte (na época, a caçada de veado).
Com a fundação, em 1934, da Associação de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga, que posteriormente passou a chamar-se Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga, foi delegada à mesma, por ato do Ministério da Agricultura, a atribuição de efetuar o registro genealógico da raça, dentro de um padrão existente na época, baseado na elite dos animais existentes. Nas instruções para Registro Genealógico organizadas pelo Conselho Técnico daquela época, em seu artigo 7º dizia: " O cavalo Mangalarga, à medida que for melhorado, adquirirá formas mais harmoniosas no seu conjunto, desenvolvendo-se seus atributos de resistência e agilidade, de maneira a torná-lo um animal de sela por excelência, onde as qualidades seja aproveitadas nos trabalhos de campo e nos esportes".
 
Desde então, a ABCCRM vem imprimindo orientações para o melhoramento e seleção de Mangalarga, objetivando-se enquadrá-lo no conceito atual do moderno cavalo de trabalho e esporte, mantendo-se as características peculiares à Raça, principalmente no que se refere ao seu andamento característico, a marcha trotada.
 
Definimos o Mangalarga como um cavalo de sela por excelência, com finalidades definidas (trabalho e esporte). Vale ressaltar que, na apreciação de um cavalo de sela, independentemente da raça, é necessário que se procure umas tantas qualidades que são indispensáveis à finalidade. Assim, nos baseamos no chamado Modelo Universal do Cavalo de Sela.
 
É importante lembrar que a conformação considerada academicamente correta para o cavalo de sela representa a adaptação natural deste animal, durante milhares de anos, ao trabalho e desempenho que se exigiram dele.
Vale ressaltar que, embora sujeita a pequenas variações de acordo com a finalidade específica de cada raça, é com base nesta conformação ideal que hoje se promovem as seleções das diversas raças eqüinas, indistintamente, em todos os países.

Dentro deste conceito, podemos dizer que, em linhas gerais foram fixadas as seguintes qualidades no Cavalo Mangalarga: 

 
 

I. - MORFOLOGIA
 
1º - Frente leve, com pescoço bem dirigido e descarnado - Proporciona facilidade de movimentos, jogando o centro da massa Cavalo mais Cavaleiro para trás, permitindo maior facilidade de engajamento dos posteriores.
 
2º -Paleta inclinada e comprida - A boa inclinação e comprimento da paleta trazem muitas vantagens ao cavalo de sela, entre elas maior capacidade torácica; boa passagem de cilha e cernelha mais atrasada, que proporciona uma posição ideal ao cavaleiro.
 
3º - Tronco forte, com linha dorso-lombar retilínea e paralela à linha do solo; costelas amplas, e bem arqueados; lombo curto e boa cobertura de rim; peito amplo e profundo - a linha dorso-lombar retilínea proporciona uma distribuição uniforme na aderência entre o lombo do animal e o suadouro do arreio; as costelas amplas, e bem arqueadas dão ao cavaleiro segurança ao montar;

 

 

 

 

Colorado

 
 

o lombo curto e boa cobertura de rim tem como vantagens o não ressentimento do animal quando exigido em trabalhos pesados e o peito amplo e profundo propicia boa musculatura e boa saída de braço.
 
4º - Garupa forte, ampla e comprida - Por ser essa região do cavalo que reune grande parte de sua capacidade motora. Não é sem razão que se diz que no cavalo de sela o motor é atrás. As arrancadas rápidas, qualidade muito procurada no cavalo de sela, dependem principalmente do trem posterior.
 
A garupa comprida, ampla e forte, com coxas bem musculadas e bem descidas, constitui-se no motor que arranca a massa no momento de partida.
 
5º - Membros fortes, bem estruturados e bem aprumados, com articulações grandes e tendões nítidos - Qualidades imprescindíveis a qualquer cavalo de sela, tanto no trabalho quanto no esporte. Para bem desempenhar suas funções o cavalo depende em primeiro lugar de seus locomoveres.

 
 

 

 

 

 

 

 

Gigante J.O.

 

 II. - DESEMPENHO

Intimamente ligado à conformação descrita no ítem I (Morfologia).
Espera-se de um cavalo de sela um bom desempenho na sua utilização tanto no trabalho como no esporte. Assim sendo, o Cavalo Mangalarga foi desenvolvido também por seu desempenho e possui as seguintes qualidades:

1º- Galope reunido - Qualidade muito procurada no cavalo de sela. No galope os posteriores devem ser bem engajados, projetando-se embaixo da massa. Os anteriores devem se projetar para a frente da massa.

2º - Facilidade de troca de bípedes - É uma decorrência do bom equilíbrio do animal. A troca de bípedes é necessária tanto no trabalho quanto no esporte, não podendo o animal desempenhar volteio nenhum sem estar com os membros anteriores e posteriores adequadamente colocados.

3º- Arrancadas rápidas - Depende principalmente do trem posterior, que, como já descrito anteriormente, deve ser grande e musculoso.

4º- Paradas bruscas - Depende mais do anterior; o posterior permanece estático e se arrasta pelo chão, ao passo que o anterior recebe o impacto da frenda. Para tanto é necessário que tenha constituição forte, com paletas bem inclinadas para absorver rapidamente a brusca parada.

 
 

III- MARCHA TROTADA

Como dissemos anteriormente, existe uma conformação considerada academicamente correta para o cavalo de sela.

Resulta desta conformação os andamentos considerados naturais ao cavalo de sela, que são o passo, o trote e o galope.

No passo o cavalo desloca um membro de cada vez. É o andamento a quatro tempos.

No trote o animal desloca simultaneamente um anterior e um posterior de lados opostos. É um andamento diagonal, bípedal de dois tempos e intercala, entre os apoios diagonais, um tempo de suspensão onde o animal fica totalmente desligado do solo.

No galope à velocidade moderada, o animal intercala um apoio diagonal simultâneo com outros dois apoios monopedais, de anterior e posterior, sendo, neste caso um andamento a três tempos. Caso o animal galope à maior velocidade, ocorre a dissociação do apoio diagonal simultâneo e passa a ser um andamento a quatro tempos.

 
 

O mecanismo dos andamentos naturais citados são os que conferem maior equilíbrio ao cavalo, proporcionando leveza e flexibilidade para seu bom desempenho no trabalho e no esporte.

A marcha trotada, característica da Raça Mangalarga, constitui-se num andamento diagonal, bipedal de dois tempos. Diferencia-se do trote porque tem um tempo ínfimo de suspensão entre os apoios, o mínimo necessário para que se processe a troca dos mesmos. Vem desta particularidade o pouco atrito.

Vale ressaltar aqui que a marcha trotada é obrigatória para que o animal seja registrado em definitivo no S.R.G., sendo que outros andamentos, tais como andadura e trote puro, são desclassificantes.

Naturalmente, quando avaliamos em julgamento os andamentos e especificamente a marcha trotada, procuramos várias qualidades inerentes à mesma, tais como:

1º - Boa progressão - O animal visto em lateralidade, os rastros dos posteriores devem cobrir ou muito se aproximar dos rastros dos anteriores, que por sua vez devem também ser amplos, com as pinças dos cascos distanciando-se do tronco. A flexão de joelhos que proporciona o leve alçado característico da marcha trotada é igualmente importante.

 

 

 

Pensamento J.O.

 

 
 

2º -Bons aprumos dinâmicos - O animal visto aproximando-se e afastando-se do observador, os membros ao se deslocarem devem aproximar-se o mais possível do plano vertical que passa pelas linhas de aprumos estáticos.

3º- Ausência de Movimentos Parasitas - Intimamente ligado à comodidade. Deve-se evitar os movimentos de corpo tanto na horizontal quanto na vertical.

4º- Boa sincronização - Naturalmente, o animal deve realizar as trocas dos apoios diagonais com facilidade a sincronização.

5º- Regularidade - Outro ítem importante, o animal deve manter-se regular na sua "toada" natural.

IV- COMODIDADE

Na seleção do Mangalarga, sempre se deu importância a comodidade de seus andamentos. Gostaríamos de salientar que o animal deve cômodo em suas três modalidades de andamento ( passo, marcha trotada e galope).

Para nos a comodidade é o resultado de uma somatória de qualidades do animal e para ser cômodo o animal necessita:

1º -Boa conformação - que permite ao cavaleiro manter numa ideal; dá leveza flexibilidade do cavalo e possibilita bom desempenho tanto no trabalho quanto no esporte.

2º -Bons andamentos - Com as qualidades já descritas anteriormente, nos três andamentos (passo e marcha trotada e galope).

3º- Bom temperamento - A nosso ver, qualidade imprescindível ao cavalo de sela. É desejável que o animal possua um temperamento dócil, enérgico e vivo e que responda prontamente aos comandos do cavaleiro.

 
 

Conforme as aptidões apresentadas o Mangalarga torna-se por excelência o cavalo ideal para a prática esportiva de "Enduro". Desta forma, a ABCCRM colocou em treinamento os 100 animais que participam nessa modalidade esportiva dos JOGOS MUNDIAIS DA NATUREZA, com a certeza de que o CAVALO DE SELA BRASILEIRO - O MANGALARGA, apresentará o seu perfeito desempenho.

Fonte: cedido por Dr.João Batista S.Quadros - Dr.Pedro Luiz Grasso - Elisabeth Seixas  e o site da ABCCM.

 

Turbante J.O.

 
            A História

 

 
 

O CAVALO MANGALARGA

Com essa denominação, tornou-se famosa uma população equina, no sul de Minas Gerais, limítrofe com São Paulo, na primeira década do século passado.Posteriormente membros da família JUNQUEIRA, responsáveis por essa criação, mudaram-se para o Estado de São Paulo e com eles trouxeram sua montarias. A famosa raça de equinos logo contagiou os Paulistas, que adotaram e a disseminaram por todo o Estado de São Paulo e Estados vizinhos. Traçar um histórico da raça Mangalarga equivale narrar a história da família JUNQUEIRA. Foram eles os forjadores da Raça, seus primeiros criadores.O início da seleção da Raça Mangalarga deu-se em 1812 na fazenda Campo Alegre, em Baependi, hoje município de Cruzília, onde o Barão de Alfenas instalou-se. Consta, ainda que nesta data, teria o Barão recebido de presente do Princípe Regente D.João VI um cavalo Álter, que passou a usar como garanhão em suas éguas. Os animais oriundos destes acasalamentos se constituíram nos formadores da Raça Mangalarga. Origem, denominação e formação da raça

A Raça nacional Mangalarga tem como formador principal o cavalo Álter de Portugal. Provavelmente foi Napoleão Bonaparte, ao invadir Portugal, obrigando Dom João VI a mudar-se com a corte para o Brasil, quem primeiro contribuiu para a formação desta raça. Com Dom João VI vieram também os melhores espécimes da raça Álter da Coudelaria Real de Álter do Chão. Se o principal formador do cavalo Mangalarga é o cavalo Álter de Portugal, entretanto no início deste século, muitos criadores introduziram, esporadicamente, no Mangalarga, as raças Árabe, Anglo Árabe, Puro Sangue Inglês e American Sadle Horse. Não somos nem a favor nem contra ao que foi feito. O fato é que hoje já dispomos de um número elevado de cavalos de alto valor zootécnico, que nada perde para outras raças estrangeiras, portanto, não nos cabe mais analisar o caminho seguido para consegui-lo. Somos no entanto virtualmente contra cruzamentos com raças exóticas, no pé em que estamos. Muito pouco temos a ganhar com eles, uma vez que temos mais de cem anos de seleção de marcha trotada, resistência e rusticidade a arriscar.

ASSOCIAÇÃO - FUNDAÇÃO E HISTÓRICO

Como foi dito, o Cavalo Mangalarga foi trazido do sul de Minas para São Paulo por volta de 1812. Entretanto desde sua introdução em terras Bandeirantes até a fundação da A.C.C.R. Mangalarga, cada criador orientava-se pelos seus próprios critérios, agindo isoladamente, constituindo-se em energias dispersas.Em 1928,o zootécnisita Paulo de Lima Corrêa, através de um profundo estudo lançou as bases da caracterização do cavalo Mangalarga. Entusiasmado com a dedicação do técnico, dois criadores paulistas, Dr. Celso Torquato Junqueira e Renato Junqueira Neto, reuniram um grupo de criadores com a finalidade de definirem os critérios a serem usados na sua seleção.

A comissão organizadora, de dez membros, ficou assim constituída:

Eduardo Ralston, Gabriel Jorge Franco, Paulo de Lima Corrêa, Agusto de Oliveira Lopes, Celso Torquato Junqueira, Renato Junqueira Neto, Humberto S.Pereira Lima, Saulo Junqueira Franco, Antonio Uchôa Filho, Antonio Junqueira Franco.

Esta comissão através de sucessivas reuniões, elaborou o anteprojeto dos estatutos que seria apresentado à Assembleia Geral convocada para a fundação da A.C.C.R.M.
Em 25 de setembro de 1934, na cidade de São Paulo, às quinze horas, na sede da Associação Herde Book Caracu, sita à Av.Água Branca, 53, instalou-se a Assembéia especialmente convocada com o fim de se fundar registro genealógico do CAVALO MANGALARGA, foi eleita a Primeira Diretoria, que ficou assim formada:

 
 

 

 

Presidente : Renato Junqueira Neto
1.Vice-Presidente : Eduardo Ralston
2. Vice-Presidente : Gabriel Jorge Franco
1. Secretário: Augusto Oliveira Lopes
2. Secretário: Dr. Otto Stephan
Tesoureiro : Celso Torquato Junqueira

 

 
 

POLÍTICA E SELEÇÃO: Sempre com alguma coisa em comum

No Desenrolar da história, seja ela do homem ou do cavalo, as grandes mudanças se revelaram inevitavelmente ligadas a conceitos políticos, econômicos e sociais da época.

Se Portugal não tivesse ligado politicamente ao Brasil na época da invasão de Napoleão, talvez D.João VI não tivesse vindo para cá, trazendo seus cavalos

Os Junqueira se alinham ao PRP e começam a desencadear-se várias mudanças envolvendo o nascimento da Raça Mangalarga e a "rivalidade" entre Mineiros e Paulistas.

Fonte: Mangalarga e o cavalo de sela brasileiro de Fausto Simões cedido por Dr.João Batista S.Quadros - Dr.Pedro Luiz Grasso - Elisabeth Seixas - Roseli Rebecchi - Revista Raça Mangalarga e o site da ABCCM.

 
     
     
 

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